segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vida como não se conhecia


As chances de existir vida em outros planetas acaba de
aumentar. Pelo menos de acordo com o anuncio feito na tarde desta
quinta-feira (2/12) pela Nasa, a agencia espacial norte-americana, que
destaca a descoberta de um organismo que cresce onde nao se imaginava
que pudesse existir vida. O anuncio, transmitido para todo o mundo pela
internet, refere-se ao estudo feito por Felisa Wolfe-Simon, do Instituto
de Astrobiologia da Nasa, e colegas e publicado na nova edicao da
revista Science. Os cientistas descobriram uma bacteria (linhagem GFAJ-1
da familia Halomonadaceae) capaz de sobreviver e de prosperar em um
ambiente cheio de arsenio. O elemento quimico, ate' entao, era
considerado altamente toxico a todos os seres vivos. Da baleia 'a
bacteria Escherichia coli, passando pelo homem e todos os mamiferos, os
organismos terrestres dependem dos mesmos seis elementos: oxigenio,
carbono, hidrogenio, nitrogenio, fosforo e enxofre. A bacteria que acaba
de ser descrita e' a primeira excecao. E essa inusitada forma de vida
nao foi encontrada em outro planeta, como inicialmente deu a entender o
aviso feito pela Nasa no inicio da semana, de que divulgaria "uma
descoberta em astrobiologia que impactara' a busca por evidencia de vida
extraterrestre". A bacteria foi encontrada mesmo no hipersalino e
altamente toxico lago Mono, na California. Nao e' uma vida
extraterrestre, mas, segundo a Nasa, a descoberta amplia a busca por
formas de vida desconhecidas, tanto na Terra como fora dela. Ate' agora,
a busca tem se voltado a planetas com circunstancias semelhantes 'as que
se consideravam fundamentais para a existencia de vida. Ambientes
venenosos – pelo menos para a maior parte dos habitantes da Terra –,
como lotados de arsenio, passam a contar. A bacteria e' a mais nova
personagem entre os organismos extremofilos, capazes de sobreviver em
condicoes extremas e prejudiciais 'a maioria das formas de vida
terrestres. Apos recolher amostras da bacteria no lago californiano,
Felisa e colegas realizaram experimentos em laboratorio com o organismo.
Verificaram que a GFAJ-1 foi capaz de transformar arsenio em fosfatos e
ate' mesmo dispensar o fosforo. O arsenio substituiu o fosforo ate'
mesmo no DNA da bacteria, que continuou a crescer. "Conheciamos
microrganismos capazes de respirar arsenio, mas agora encontramos um que
faz algo totalmente novo: constroi partes de si mesmo com arsenio. Se
algo aqui na Terra pode fazer algo tao inesperado, o que mais a vida
pode fazer que ainda nao vimos?", disse Felisa. "A definicao de vida
acaba de se expandir. 'A medida que prosseguimos em nossos esforcos para
procurar por sinais de vida no Sistema Solar, teremos que pensar mais
ampla e diversamente e considerar vidas de que nao tinhamos
conhecimento", disse Ed Weiler, administrador da divisao de ciencia da
Nasa. O artigo A Bacterium that Can Grow by Using Arsenic Instead of
Phosphorus (10.1126/science.1197258), de M.Thomas Gilbert e outros, pode
ser lido por assinantes da Science em
www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/science.1197258. ( Fonte:
Agencia FAPESP )
Ed: GMM

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