segunda-feira, 10 de maio de 2010

Água em asteroide

Agência FAPESP – Vida em asteroides? Longe disso, mas esses pequenos corpos celestes que gravitam em torno do Sol não são tão áridos como se achava. Evidência de água e de compostos orgânicos acabam de ser detectados na superfície de um deles.
A descoberta foi publicada na edição desta quinta-feira (29/4) da revista Nature em dois artigos, um deles com participação brasileira. As evidências dos blocos básicos da vida foram localizadas no asteroide 24 Themis, que tem cerca de 200 quilômetros de diâmetro e se encontra entre Marte e Júpiter.
Ao medir o espectro de luz infravermelha refletida pelo objeto, os pesquisadores verificaram que era consistente com água congelada. Segundo eles, todo o asteroide está coberto por um filme fino de gelo.Os cientistas também detectaram material orgânico, o que fortalece a teoria de que asteroides podem ter sido os responsáveis por trazer água e compostos orgânicos à Terra. Os dois grupos de pesquisadores usaram o telescópio de infravermelho da Nasa instalado em Mauna Kea, no Havaí.
“Os compostos orgânicos que detectamos aparentam ser cadeias extensas e complexas de moléculas. Ao caírem sobre a Terra estéril em meteoritos, essas moléculas podem ter servido como um grande pontapé inicial no desenvolvimento da vida no planeta”, disse Josh Emery, da Universidade do Tennessee, autor de um dos artigos.O outro artigo tem participação de Thais Mothé Diniz, do Observatório de Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista na caracterização de pequenos corpos do Sistema Solar.
Emery destaca que encontrar gelo na superfície do 24 Themis é uma surpresa, por ela não ser fria o suficiente para que o gelo possa permanecer ali por muito tempo. “Isso implica que gelo é abundante no interior desse asteroide e talvez em muitos outros. O gelo em asteroides pode ser a resposta para o enigma de onde veio a água da Terra”, disse.A proximidade do 24 Themis ao Sol faz com que o gelo evapore. Emery e Andrew Rivkin, da Universidade Johns Hopkins, sugerem que a duração do gelo na superfície do asteroide dure de milhares a milhões de anos, dependendo da posição do objeto.Segundo eles, o gelo evaporado é contantemente substituído por um processo por meio do qual o gelo contido no interior do asteroide “sobe” aos poucos, à medida que o vapor escapa da superfície.
Os cientistas ressaltam que, como o 24 Themis é parte de uma “família” de asteroides formada a partir de um grande impacto e da consequente fragmentação de um corpo muito maior, há muito tempo, a descoberta implica que o objeto original também tinha gelo, o que tem grandes implicações para o estudo da origem do Sistema Solar.Os artigos Detection of Ice and Organics on an Asteroidal Surface (vol 464 | DOI:10.1038/nature09028), de Andrew S. Rivkin e Joshua P. Emery, e Water ice and organics on the surface of the asteroid 24 Themis (vol 464 | DOI:10.1038/nature09098), de Humberto Campins e outros, podem ser lidos por assinantes da Nature em www.nature.com.

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