quinta-feira, 22 de julho de 2010

Reconquistando a Lua


Descoberta de moléculas de água misturadas à areia lunar, descoberta de gelo em crateras lunares. O que isto significa para a ciência moderna?
Vejam vocês. Nesta semana, dia 20 de julho, comemoramos 41 anos da grande epopéia que levou o homem pela primeira vez a um ambiente totalmente alienígina: o solo lunar. Se não fosse pela interrupção das viagens lunares, certamente hoje já haveriam pessoas morando na Lua. Infelismente outros acontecimentos aqui na Terra desviaram a atenção das nações que detêm a tecnologia para tal fim e, ao invés de dar prosseguimento à colonização do nosso satélite natural, preferiu-se "investir" vultosas quantias de dinheiro em armas, guerras, espionagens etc.
Quarenta anos depois da primeira aterrissagem lunar, o mundo volta a apontar os olhos para a Lua. Agora, com possibilidades mais interessantes de exploração. Entre essas possibilidades, a descoberta de gelo de água e moléculas de H20, fonte promissoras e indispensavéis para a sobrevivência humana nesse novo mundo a ser futuramente habitado pelo ser humano.
Agora, não á apenas uma nação que pode realizar tal façanha de enviar sondas de pesquisa ou construir foguetes capazes de levar o homem até aquele fantástico e desolador mundo extraterrestre situado no nosso quintal, isto é, tão próximo do nosso planeta.
A Agência Espacial Europeia começou sua investida com a sonda orbitadora Smart-1, lançada em 2003, para mapear os recursos minerais lunares. No ano seguinte, a Nasa anunciaria planos de voltar à Lua com astronautas até 2020, mas o projeto foi recentemente suspenso pelo presidente americano Barack Obama. Mesmo assim, isso não impediu que a Nasa desenvolvesse um orbitador, o Lunar Reconnaissance Orbiter, lançado em junho de 2009 e atualmente em operação ao redor do satélite, e a missão de colisão que detectou água numa cratera lunar, a LCROSS.
Do outro lado do mundo, a Agência Espacial Indiana preparava sua primeira missão lunar não-tripulada, a sonda Chandrayaan-1, que foi lançada em 2008 e descobriu a presença de moléculas de água misturadas à poeira do solo lunar, deixando a comunidade científica internacional em polvorosa.
Segundo Jack Burns, astrofísico da Universidade do Colorado (EUA),"essa descoberta produz uma reviravolta para a ciência lunar e essa é possivelmente a mais significativa descoberta desde as missões Apollo."

A água serviria não só para o consumo direto dos astronautas, mas poderia ser facilmente convertida em oxigênio (para respiração) e hidrogênio (combustível para foguetes). Caso uma base lunar pudesse contar com água de fontes locais, mantê-la por tempo indefinido, sem depender de mantimentos enviados da Terra, seria muito mais fácil.
Para que uma base na Lua?
Por várias razões. Por exemplo:realizar mineração para obter, entre outros materiais raros, uma substância chamada hélio-3,combustível ideal para as futuras usinas de fusão nuclear. Essa tecnologia criaria energia limpa, barata e inesgotável, usando a mesma técnica que produz a energia do interior das estrelas. Ninguém conseguiu desenvolver esse sistema de forma eficiente, até hoje; há muitas oportunidades para desenvolvimento científico na Lua. Telescópios instalados por lá poderiam, por exemplo, passar vários dias seguidos apontados para o mesmo objeto, sem uma atmosfera para atrapalhar as observações; na busca por sinais de civilizações extraterrestres, o satélite natural seria fundamental: seu lado afastado da Terra é o único lugar do Sistema Solar protegido da interferência de sinais de rádio emitidos por nossa própria civilização.
Por fim,, a Lua pode ser o ponto de partida para a conquista de astros mais distantes. É um ambiente perfeito para testar equipamentos e procedimentos numa missão lunar. Enquanto nosso satélite natural pode ser visitado numa viagem de três dias, a jornada até o planeta vermelho levaria cerca de seis meses. Quem tiver um pé fincado na Lua estará muito mais próximo de se tornar uma nação que estendeu sua dominação e capacidade de explorar recursos além de suas fronteiras no globo terrestre. Os indianos, chineses e japoneses estão se propondo a entrar nessa nova corrida espacial. É isso mesmo, tem cara nova no espaço. Agora falta o Brasil tomar rumo no seu programa espacial e se habilitar também a fazer parte dessa seleção de países.

Por: Nilson S. Santos, CDA ORION

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eclipse total do Sol


Neste domingo, 11 de julho, enquanto o mundo estava ligado na final do mundial de futebol, centenas de turistas e cientistas assistiam a um eclipse total na ilha de Páscoa, na costa do Chile, aquela mesma famosa pelas estátuas gigantescas construídas de pedra.
Este eclipse solar foi o segundo e último do ano. Do Brasil, não foi possível observá-lo, sendo visto apenas de algumas ilhas do Pacífico Sul. O fenômeno começou por volta das 15:15h (horário de Brasília), atingindo a totalidade às 19:30h (GMT/UTC), sendo esse horário, subtraído de 3h para o Brasil.
O fenômeno ocorre quando o Sol e a Lua se alinham com a Terra. Pelo fato de o Sol ser aproximadamente 400 maior que a Lua e estar a uma distância praticamente equivalente, em relação ao nosso planeta, o tamanho da Lua e do Sol acaba coincidindo e ocasionando esse efeito de ocultação, que pode ser total, parcial ou anular.
Um eclipse total do Sol dura, em média, 7 minutos e meio. Este durou pouco mais de 5 minutos em sua totalidade, no meio do oceano Pacífico.
Para o Brasil, só teremos eclipses solares visíveis em 2013 e 1017. Vale a pena esperar e quem viver, verá! Porém, a Lua nos dará um espetáculo semelhante ainda este ano, ou seja, no dia 21 de dezembro teremos um eclipse total lunar que será visto de todo o litoral leste brasileiro e poderemos contemplá-lo, caso as condições temporais favoreçam.
Por: Nilson S. Santos, graduado em Geografia, Pós-graduando em Educação Ambiental, astrônomo amador e coordenador do Clube Dorense de Astronomia Órion.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vênus já foi um planeta habitável?


Você já viu Vênus? Se ainda não, é só olhar para o ocaso (poente) e logo que o Sol ficar abaixo da linha do horizonte, você verá um objeto grande e muito brilhante, parecendo uma grande estrela. Na verdade, trata-se do astro mais próximo da Terra, depois da Lua, é o planeta Vênus.
Observá-lo a olho nú é mais interessante do que pelo telescópio, pois sua atmosfera extremamente densa não apresenta muitos detalhes ao ser observado com equipamento óptico. O detalhe mais interessante que se pode ver é quando está apresentando "fases" semelhantes à nossa lua.
O nome Vênus, é uma referência à deusa da beleza na mitologia grega, porém, este conceito de beleza é fortemente contestado, quando se trata daquele astro. Ele é bonito e atraente somente pelo seu brilho, mas não pelas suas condições físicas atuais. Por exemplo, se você acredita em inferno, saiba que é em Vênus onde há a melhor possibilidade para isto. Como dizem que o inferno arde em calor, então aqui está um forte candidato com temperaturas que ultrapassam os 400ºC, dá para imaginar!? Porém, parece que nem sempre foi assim. Veja o que a Agência Espacial Europeia (ESA) descobriu recentemente, leia a seguir.
A sonda espacial Vênus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), está dando aos astrônomos informações que parecem sustentar a possibilidade de Vênus ter tido condições de vida no passado. Caso essa possibilidade se confirme, a história do planeta pode ter começado como um planeta habitável muito semelhante à Terra atual.
Hoje, a Terra e Vênus são completamente diferentes. A Terra é um mundo luxuriante, repleto de vida, enquanto Vênus é literalmente infernal, com a sua superfície fervendo a temperaturas superiores às de um forno de cozinha.
Apesar das diferenças, os dois planetas partilham inúmeras semelhanças - por exemplo, eles têm praticamente o mesmo tamanho. Agora, graças à Vênus Express, os cientistas planetários estão verificando que há outras semelhanças.
"A composição elementar de Vênus e da Terra é muito semelhante", diz Hakan Svedhem, cientista da Vênus Express, referindo-se à quantidade de cada elemento químico presente nos dois planetas.

Águas de Vênus
Mas há também diferenças radicais, uma das quais salta à vista: Vênus tem muito pouca água.
Se a água dos oceanos terrestres fosse espalhada uniformemente pela superfície da Terra seria formada uma camada com 3 km de profundidade. Se todo o vapor de água presente na atmosfera de Vênus pudesse ser condensada, formar-se-ia um lago raso pelo planeta, com meros 3 cm de profundidade.
Mas pode ter havido semelhanças também na água - pelo menos no passado. Há bilhões de anos, Vênus tinha provavelmente muito mais água: a Vênus Express confirmou que o planeta perde uma grande quantidade de água para o espaço.
Isto acontece porque a radiação ultravioleta do Sol atravessa a atmosfera de Vênus, quebrando as moléculas em dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. E estes átomos acabam escapando para o espaço.
Esse processo de "vazamento da atmosfera" também acontece na Terra - veja Milhares de toneladas da atmosfera são perdidas no espaço anualmente.
A Vênus Express mediu a taxa com que estes gases escapam de Vênus e confirmou que a taxa de escape do hidrogênio é duas vezes superior à do oxigênio. Foi esta relação de dois para um, a mesma proporção entre átomos de hidrogênio e oxigênio na molécula de água, que fez os cientistas concluírem que a água é a fonte desses íons que vazam do planeta para o espaço.

Oceanos de Vênus
Adicionalmente, eles verificaram que uma forma de hidrogênio pesado, chamado deutério, está tendo sua concentração progressivamente nas camadas mais elevadas da atmosfera de Vênus, já que, para o hidrogênio pesado, não é tão fácil escapar.
"Tudo indica que tenha havido grandes quantidades de água em Vênus, no passado," diz Colin Wilson, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Mas isto não significa, necessariamente, que tenha havido oceanos na superfície do planeta.
Eric Chassefière, da Universidade Paris-Sud, na França, desenvolveu um modelo computacional que sugere que a água tenha sido abundante sobretudo na atmosfera, e apenas em tempos muito primitivos, quando a superfície do planeta estava totalmente fundida.
À medida que as moléculas de água se separavam em átomos, pela ação da luz do Sol, e escapavam para o espaço, a consequente queda na temperatura desencadeou provavelmente a solidificação da superfície. Em outras palavras: Vênus provavelmente nunca teve oceanos.

Vida em Vênus
Apesar de ser difícil testar esta hipótese, esta é uma questão essencial. Se Vênus algum dia teve tido água na superfície, seria possível que o planeta tivesse passado por uma fase inicial de habitabilidade para formas de vida semelhantes às da Terra atual.
Mesmo estando correto, o modelo de Chassefière não exclui a hipótese de que cometas que colidem com o planeta tenham trazido água adicional depois da superfície de Vênus ter cristalizado, criando zonas com água em que vida tivesse tido condições para se formar.
Há muitas questões em aberto. "São precisos modelos mais extensos do sistema magma oceano e atmosfera e da sua evolução para que se perceba a evolução do jovem planeta Vênus," diz Chassefière.
Fonte: ESA